Intolerância religiosa

Um vídeo impressionante (link abaixo) está percorrendo a internet e mostra um dos fanáticos que recebeu lavagem cerebral do "pastor" Tupirani, dirigente do tal Ministério Geração Jesus Cristo, responsável indireto pelos seus seguidores que invadiram e depredaram o Terreiro Cruz de Oxalá no Catete no Rio de Janeiro
Esses invasores são instrumentos nas mãos de falsos pastores oportunistas que nada tem a ver com os verdadeiros evangélicos. E como surgem esses oportunistas?
Normalmente, são pessoas desempregadas, mas com um mínimo de carisma que vislumbram a possibilidade de ganhar dinheiro com pregações religiosas baseadas na Bíblia. Para isso, decoram meia-dúzia de salmos e trechos da Bíblia e saem pela rua arregimentando seguidores.
A maioria do seu “rebanho” é composta por gente simples, pobre, sem perspectiva - para os quais prometem "lotes no céu". Ou melhor, prometem uma vida repleta de "prosperidade" (eles adoram usar esta palavra, pois soa como mágica para as pessoas de boa fé)
Mas esses falsos evangélicos tem uma coisa em comum: pregam que quanto mais dinheiro doarem ao templo (leia-se, o bolso do falso pastor), mais "prosperidade" os incautos fiéis conquistarão.
Ora, no meio daqueles infelizes desesperados que procuram por uma bóia de salvação, sempre existem pessoas com distúrbios emocionais, esquizôfrênicas, depressivas, muitos doentes mentais.
Imaginemos um "pastor" desses repetindo diariamente na cabeça desse tipo de gente que não consegue separar o real do imaginado, que todas as pessoas que têm imagens em casa - sejam católicas ou espíritas - são adoradoras do demônio?
Para entender melhor, pense naquele personagem esquizofrênico interpretado pelo Bruno Gagliasso em "Caminho das Índias". Existe alguma presa mais fácil para os pastores de araque?
Essas pessoas - algumas com problemas mentais - são facilmente convencidas a fazerem justiça com as próprias mãos, isto é, tornam-se “justiceiros”, levando a “palavra de Jesus” numa cruzada de ódio e preconceito religiosos.
Basicamente é assim que funciona. Um sujeito espertalhão se auto-intitula pastor, bispo ou apóstolo. Jamais cursou teologia. Mal tem o primeiro grau. Inventa um nome pomposo como Ministério Geração Jesus Cristo, consegue um espaçozinho numa emissora de rádio ou TV e...pronto! Mais um espertalhão que se dá bem!
Mas ele tem carisma, fala bem, sabe convencer pessoas humildes ou os que têm algum tipo de problema mental. Acaba de nascer mais uma “igreja de Jesus”.
Enquanto isso, evangélicos sérios como os presbiterianos, adventistas, metodistas, anglicanos, luteranos e batistas, acabam sendo julgados pela opinião pública como “farinha do mesmo saco”
Não temos a menor dúvida de que por trás desses jovens fanáticos que invadem e depredam terreiros, estão espertalhões que se autonomeiam porta-vozes de Jesus. Usam e abusam da expressão “em nome de Jesus” para atingir seus objetivo$$$$.
Mas, pior do que esses vigaristas travestidos de pastores, é a omissão do governo, que permite que as emissoras de rádio e televisão – concessionárias públicas, diga-se a bem da verdade – sejam larga e irresponsavelmente usadas para desenvolverem esse tipo de “negócio”, que, em alguns casos, pode ser facilmente enquadrado na legislação como estelionato.
Cadê a Anatel, agencia reguladora responsável pela fiscalização das emissoras de rádio e TV? Por que a Anatel permite que esses vigaristas usem concessionárias públicas (de propriedade, em última análise, do cidadão brasileiro)?
Cadê o Ministério da Justiça que tem sob seu comando a Polícia Federal que identificaria rapidamente os grupos que pregam o preconceito religioso no Brasil?
Cadê a Justiça, que até hoje não mandou trancafiar esses fanáticos e seus chefes, os tais pastores de araque, que estimulam o preconceito religioso?
Tudo que se conseguiu até hoje na luta contra o preconceito religioso no Brasil, deve-se exclusivamente a todos nós, seguidores das doutrinas mediúnicas.
Temos nos movimentado sozinhos – sem apoio das autoridades – no combate ao preconceito religioso.
Quando aquele “bispo” da Igreja Universal chutou a imagem de Nossa Senhora da Aparecida, a imprensa e autoridades tiveram um ataque, fazendo com que o tal “bispo” se mudasse para a África.
E graças a episódios de intolerância religiosa contra a Igreja Católica – Católica, é bom repetir - o governo se mexeu e mandou investigar a Igreja Universal, que acabou respondendo á vários processos, inclusive de lavagem de dinheiro.
E nós, umbandistas, candomblecistas e kardecistas, que diariamente somos atacados por esses fanáticos? Se fôssemos católicos, com certeza, o tratamento seria bem diferente.
O fato é que as autoridades que poderiam parar com essa campanha não se mexem quando se trata de espíritas.
Somos nós que procuramos a imprensa.
Somos nós que procuramos o Ministério Público para encaminhar as denúncias.
Somos nós que ingressamos com ações na Justiça.
Enquanto isso, lá em Brasília, continua a troca imoral e votos entre a bancada dita evangélica pela omissão das autoridades que são incapazes de agir em defesa do respeito religioso.
O vídeo abaixo mostra, na verdade, um infeliz desse escambo estabelecido nas últimas décadas no Brasil. O governo presenteia concessões de rádio e TV. Em troca, recebe os votos de meia dúzia de deputados ditos evangélicos.
Cinismo puro!

Por Átila Nunes Filho e Átila Nunes Neto

http://www.youtube.com/watch?v=QKwjd096b80